#3 e não há duas sem 3...
Não me lembro como nos conhecemos, não tenho nenhuma memória viva do nosso primeiro beijo, mas se fechar os olhos ainda sinto as tuas mãos no meu corpo, o teu peito colado ao meu, a tua respiração no meu pescoço.
Não me lembro das conversas, do que fazíamos quando estávamos juntos, mas se fechar os olhos consigo ver-te sorrir, aquele sorriso maroto de satisfação de saberes que me deixavas sem jeito. E foram muitas as muitas vezes em que esse teu ar seguro e confiante, de quem sabia o que queria e como queria, abalaram as minhas certezas de menina.
Não me lembro quanto tempo durou ou porque acabou... (teria acabado mesmo?) Mas recordo as jardineiras de ganga (com as all star...) as mãos guardadas nos bolsos a tentar esconder o nervosismo e a tristeza de um adeus. (não pode antes ser um até logo?)
O meu caminho cruzou de novo com o teu, outros tempos, outra cidade, outra vida... Lembro-me bem dessa altura, do meu-coração-partido, dos amigos, das saudades da terra, das coisas novas que estavam por fazer-conhecer-acontecer... Não me lembro quantas vezes te vi, se estivemos muito tempo juntos, mas se fechar os olhos consigo sentir os teu beijos e o meu corpo aninhado no teu.
Lembro-me de te deixar sair e do arrependimento imediato de te ter deixado ir... Lembro-me de estar deitada na cama de olhos presos no teto e de acreditar que te iria encontrar na próxima esquina da vida.
Não me lembro se te procurei ou não.
Não seria capaz de precisar as em quantas esquinas parei, nem as vezes que espreitei o portão da casa dos teus pais na esperança de te encontrar.
Passaram-se mais anos do que aqueles que gosto de contar. Nas voltas que a vida dá, tu seguiste a tua e eu segui a minha.
Encontrei-te mais uma vez. Tu com a tua família, eu com a minha familia. Os meus, os teus sem espaço para os nossos.
e eu que nestes infernos frios, com dias curtos de chuva e de sol, gosto de gastar tempo a olhar para trás, a sonhar com o que poderia ter sido-mas-nunca-foi, com as saudades dos tempos-que-nunca-aconteceram. Imagino-te feliz, tranquilo no momento exacto em que os meus olhos se cruzam com os teus...
E sei: esbardalhei-me mais uma vez!
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