Sobre datas

Ontem fez dois meses que me despistei, que perdi o carro, a dignidade e os sonhos no meio da noite, num negro temporal...

E foi exatamente dois meses depois que voltei a despistar-me, sem carro, sem chuva, sem chão escorregadio... ainda assim esbardalhei-me, dei voltas e voltas, o chão fugiu debaixo dos meus pés, perdi noção do tempo e do espaço.

Encostei a cabeça ao teu peito, e o teu cheiro confundiu-se com o meu, nos teus braços estive em casa, por segundos tudo parecia ser exatamente como é suposto, sem tirar nem pôr.

Um, dois meses... dois meses passaram e re-encontrei-me, encontrando-te, outra vez, pela primeira vez.

Por ti, contigo, despistava-me todos os dias.

Talvez a nossa noção de tempo esteja errada, talvez aqueles tipos em África tenham razão e o tempo seja mesmo circular... não há nada lá à frente e não deixamos nada para trás...

Ficas por perto?

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