Os que ficam e os que partem...

Não poderia deixar de escrever sobre os que ficam...

Nos últimos anos vocês foram a minha família, os meus irmãos, mães, pais, amigos, companheiros, cuidadores e recipientes de cuidados.

Deram-me mimos quando não queria, abraços apertados quando não gostava deles.

Deram-me de comer, ouviram-me falar durante horas a fio da minha filha, da minha mãe, do meu carro, do meu peixe, do meu periquito (que nunca tive, mas certamente falei nisso...)

Esperaram por mim à porta das urgências, seguraram a minha mão quando tive medo e levaram-me para casa assegurando-me que tudo ficaria bem...

Com vocês aprendi a ser melhor técnica, melhor filha, melhor mãe, melhor amiga, melhor pessoa.

Com vocês aprendi a amar, a partilhar, a respeitar, a escutar os silêncios, a sentir as dores dos dias cinzentos e a ver o arco iris dos dias felizes.

Com vocês aprendi que amanhã será sempre um dia novo e eu poderei fazer melhor, que não faz mal errar e que posso aprender com isso.

Umas estiveram por cá e foram-se embora, deixaram marcas nas minhas memórias.

Outras foram-se embora sem nunca me deixar.

Poderia escrever e escrever e escrever e iria ficar sempre algo por dizer.

Vou morrer de saudades vossas, vou morrer várias vezes, todos os dias... Mas todos os dias vou sorrir e saber que vocês vão estar por perto e que apesar de morrer vou sobreviver e vou ficar bem... vamos todos ficar bem.

Almoçamos em breve?

Já não vai haver lugar para mim nesta sala....

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